Ah! A Primavera!
Os passarinhos a chilrear, as plantinhas a florir e os corações a bater com mais força... Deve ser a estação do ano, senão a palavra, que se presta a mais lugares comuns. Mas todos os anos é uma festa: as pessoas desfazem-se dos trastes e desligam-se das mágoas do Inverno e ficam mais atentas ao pulsar da natureza, mesmo quando moram em cidades em que a natureza só se vê na televisão.
No ciclo natural, que já esteve fora de moda mas recentemente foi reavivado pela onda ecológica/orgânica, a Primavera representa o despertar da hibernação do Inverno, o desabrochar das plantas e o soltar da líbido nos animais.
Animais que somos, começa logo a cabeça a andar à volta. Em parte é porque dá tonturas subir ao escadote para tirar do armário aquelas roupas leves e traquinas da estação quente; a outra parte é porque realmente as hormonas como que acordam com o desentorpecimento do frio.
Os perigos e as delícias duma paixão violenta e açambarcadora aumentam exponencialmente. É a altura em que se fazem promessas para a eternidade e se desfazem casamentos que pareciam eternos. Um rodopio. Quem tem filhas adolescentes precisa de lhes por uma rédea curta e quem é filha adolescente tem de inventar novas tangas para as escapadelas. Os solteiros começam a percorrer os números do telemóvel e os jardins da cidade à procura daquele “tchan” que é único cada vez que acontece. Os casados reavaliam a situação, a verificar se a chama ainda está acesa ou já é a luz da tv que domina as noites.
Os passarinhos a chilrear, as plantinhas a florir e os corações a bater com mais força... Deve ser a estação do ano, senão a palavra, que se presta a mais lugares comuns. Mas todos os anos é uma festa: as pessoas desfazem-se dos trastes e desligam-se das mágoas do Inverno e ficam mais atentas ao pulsar da natureza, mesmo quando moram em cidades em que a natureza só se vê na televisão.
No ciclo natural, que já esteve fora de moda mas recentemente foi reavivado pela onda ecológica/orgânica, a Primavera representa o despertar da hibernação do Inverno, o desabrochar das plantas e o soltar da líbido nos animais.
Animais que somos, começa logo a cabeça a andar à volta. Em parte é porque dá tonturas subir ao escadote para tirar do armário aquelas roupas leves e traquinas da estação quente; a outra parte é porque realmente as hormonas como que acordam com o desentorpecimento do frio.
Os perigos e as delícias duma paixão violenta e açambarcadora aumentam exponencialmente. É a altura em que se fazem promessas para a eternidade e se desfazem casamentos que pareciam eternos. Um rodopio. Quem tem filhas adolescentes precisa de lhes por uma rédea curta e quem é filha adolescente tem de inventar novas tangas para as escapadelas. Os solteiros começam a percorrer os números do telemóvel e os jardins da cidade à procura daquele “tchan” que é único cada vez que acontece. Os casados reavaliam a situação, a verificar se a chama ainda está acesa ou já é a luz da tv que domina as noites.
Pois é. A primavera!
Está na altura de repensar a sua vida. Esqueça-se dos impostos deprimentes, dos horários sufocantes e dos afazeres irritantes. Lave a cabeça abundantemente, mude a cor do cabelo, faça ou mande fazer as depilações da ordem (homens também, com certeza, não se envergonhem e não venham cá com mentiras...) e comece aquele regime saudável que lhe vai permitir a nudez mais ousada no Verão. Verifique o estado das roupas guardadas e a elasticidade da pele. Faça um plano de compras para as actividades que se avizinham: lingerie esvoaçante, roupa flutuante, sandálias invisíveis. Se o dinheiro é pouco, vá para os acessórios, que são mais baratos e fazem mais vista, e compre as sandálias nos ciganos, a três euros o par – se durarem um Verão são como as borboletas, cumpriram a sua função em pouco tempo.
A única coisa que não deve fazer é deixar passar a Primavera sem se renovar, se apaixonar e se rejuvenescer. Olhe que só tem outra oportunidade daqui a um ano!
Fonte: Sapo.pt
É tão forte o conceito de Primavera que tem sido aplicado a tudo, desde perfumes – o que faz sentido – à política – onde nada faz.
Há perfumes Printemps em duas ou três grifes e houve a Primavera de Praga, quando em 1968 a Checoslováquia achou que se ia ver livre dos russos e do comunismo. Fala-se das 18 primaveras das meninas que têm 16 e gostavam de ter 22. Vai-se ao teatro ver A Sagração da Primavera, o ballet de Stravinsky que já teve mil coreografias desde a primeira de Nijinsky, em 1913. Viaja-se até Florença (ou compra-se um bom livro de pintura) para apreciar a Primavera sonhada por Botticelli em 1491.
A estação tem sido utilizada e aproveitada por inumeráveis festivais musicais e festivais de partidarismo. Surpreendente? Ora bem, há festivais de rock chamados Spring Festival em dezassete cidades americanas e três inglesas. E o hino dos balilas, os jovens fascistas de Mussolini, chama-se “Giovinezza, Primavera di bellezza” … Sempre líricos, os italianos, mesmo nas piores circunstâncias.
Faz-se a limpeza da Primavera e sofrem-se as alergias da Primavera. Também há a prima Vera, mas dessa é melhor não falar, não é verdade?
Até se pode fazer um jogo: escolher coisas ou situações a que o conceito de Primavera se pode aplicar. Quer tentar? Assim vai ficar entretida até ao Verão!
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